08 de março aparenta ser um dia de alegria, em que devemos entregar flores para as mulheres; no entanto, esse dia é daqueles que merecem reflexão. É um dia de luta, de olhar para dentro das instituições e para a sociedade.
Quase 50 anos depois da oficialização deste dia pela ONU, o que mudou? As mulheres já são maioria nos cargos de direção das empresas, no Congresso Nacional e na tecnologia? O salário entre homens e mulheres que exercem o mesmo cargo é o mesmo?
São perguntas que se você se fizer e observar a realidade a sua volta, saberá que a resposta…
É NÃO!
Mesmo com muitos avanços e conquistas de direitos aos longos dos anos, a paridade de gênero não é uma realidade.
Hoje, eu vivo um “privilégio” que deveria ser “natural”, estar em lugares que homens estão.
Comecei a trabalhar aos 14 anos no comércio local, alguns podem achar isso natural ou trabalho infantil, vai depender da sua classe social.
Na periferia, as meninas tornam-se mulheres antes do 15 anos, aprendem e são responsáveis por situações que só deveria ser demandadas aos 20 e poucos anos, enquanto meninos na mesma condição social, começam a trabalhar depois dos 17 anos.
O que difere os dois que moram no mesmo lugar, vestem e comem a mesma coisa? O GÊNERO!
O caminho para homens estarem no topo é relativamente menor do que das mulheres e você pode pensar: “Isso não depende do esforço de cada um?” Também, mas você sabia que existem áreas que evitam contratar mulheres e, o único requisito eliminatório é o fato de ser mulher?
Vou te contar que na área de tecnologia – essa que eu disse ter o privilégio de estar – é um grande exemplo disso. Existem empresas que nos dias de hoje, dizem não constituírem times mistos.
Esse tipo de conduta contribui para que mulheres tenham medo de se candidatarem a vagas de emprego se não preencherem todos os requisitos detalhados no anúncio da vaga; enquanto homens se candidatam cumprindo menos de 60% dos requisitos e acabam levando a vaga, porque não existe concorrência.
A advogada e formadora de jovens Reshma Suajani nos mostra que poderíamos reduzir esse leque de desigualdade se ensinássemos as meninas a serem corajosas e não perfeitas:
“Precisamos criar as meninas para ficarem mais confortáveis com a imperfeição e tem que ser agora. Temos que ensiná-las a serem corajosas na escola e no início de suas carreiras quando há maior potencial de impactar suas vidas e das outras pessoas. Temos que mostrar para elas que serão amadas e aceitas por serem corajosas e não perfeitas.”
A nossa missão hoje é mostrar umas para outras que não precisamos ter medo de assumir e lutar por lugares que outrora foram ocupados apenas por homens, que não é arrogância dizer o que sabemos fazer e que não é feio ou inferior pedir ajuda e ser ajudada, que a maior rede de apoio que poderá ser tecida é por mulheres e para as mulheres.
É importante deixar claro que não existe uma luta contra os homens, mas sim pelos DIREITOS!!
Nossa luta acabará quando os direitos e oportunidades forem os mesmos para TODOS os gêneros!
Por enquanto, a luta continua!
Taís Oliveira Lopes – Programadora Jr. da Vocação